O SINDPERS inicia, nesta terça-feira (03), a campanha “Negre, Presente! SINDPERS na Luta pela Igualdade Racial”. A campanha será veiculada nas redes sociais do sindicato durante o mês de novembro com vídeos de colegas servidores e servidoras da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul (DPE/RS), além de cards para chamar a atenção para a luta antirracista. A campanha também terá a realização de uma live sobre o tema. A iniciativa segue até 20 de novembro, Dia da Consciência Negra.
O Dia Nacional da Consciência Negra homenageia e resgata as raízes do povo afro-brasileiro e é comemorado no Brasil no dia 20 de novembro. Esta data foi restabelecida pelo projeto lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003, porque coincide com o dia 20 de novembro de 1695, dia da morte de Zumbi dos Palmares, grande líder da resistência negra e da luta pela liberdade. Este dia é dedicado de modo especial à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira e sobre a influência do povo africano na formação cultural do nosso país.
Um levantamento realizado pelo Grupo de Trabalho Permanente para Elaboração de Políticas de Combate à Discriminação Étnico-Racial (GT Igualdade Racial) do Núcleo de Defesa de Direitos Humanos da DPE/RS, revela que mesmo após novembro de 2013, quando houve a implementação de ações afirmativas nos processos de seleção de suas servidoras e servidores da instituição não houve alteração expressiva da composição racial do corpo funcional.
Até outubro de 2013, o número de pessoas autodeclaradas negras era de apenas 3%, já o número de pessoas autodeclaradas não negras era de 78%. Já a partir de novembro de 2013, houve um crescimento no número de pessoas autodeclaradas negras no quadro funcional, passando a ser de 16%. Contudo, o número de pessoas autodeclaradas não negras também cresceu, passando para 83%. Em números absolutos, no período, o número de servidoras negras e servidores negros passou de 25 para 198. Já o de autodeclarados não negros passou de 696 para 1022. Ou seja, houve um avanço, mas os déficits ainda existentes impõem a implementação de novas formas de atingimento da equidade racial em seu quadro de pessoal.
Mas a situação de desigualdade e de racismo estrutural, infelizmente, não se restringe à DPE/RS. Ainda é possível ver os reflexos da história de desigualdade e exploração da população negra nos mais diferentes âmbitos sociais. Segundo pesquisas do IBGE (ano 2000) os afrodescendentes têm, por exemplo, menos acesso à Previdência Social e consequentemente menor esperança de sobrevida no país, vivem em média 15 anos menos que os brancos. Além disso, a população negra representa a maior parte entre as vítimas de homicídio e compõem mais de 60% da população carcerária do país.
Em relação ao mercado de trabalho, os negros e negras, em 2018, correspondiam a cerca de dois terços das pessoas que não tinham emprego. Os negros também são os que mais sofrem com a informalidade, que vem crescendo no Brasil nos últimos anos. Em 2018, 47,3% das pessoas ocupadas pretas ou pardas estavam em trabalhos informais, segundo o estudo do IBGE. Somando-se a isso, uma pesquisa do Instituto Ethos mostrou que os negros ocupam apenas 4,9% das cadeiras nos Conselhos de Administração das 500 empresas de maior faturamento do Brasil. Entre os quadros executivos, eles são 4,7%. Na gerência, apenas 6,3% dos trabalhadores são negros.
Envie seu vídeo
Para esta campanha, o sindicato está abrindo espaço para as manifestações das colegas negras e dos colegas negros da DPE/RS. A ideia da entidade é construir uma campanha com vídeos de depoimentos contando como é ser negra e negro na DPE/RS. Os vídeos com os relatos respondendo à pergunta: “Como é ser Negra e Negro na DPE/RS?” devem ter até um minuto e serem gravados em formato horizontal. Os envios podem ser para o email imprensa.sindpers@gmail.com ou para o WhatsApp do sindicato: 51 99711-9345.
Com informações: Geledés e Agência Lupa.
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